sábado, 3 de setembro de 2011

MITOS DE MARKETING


Por esses dias, ouvindo um profissional de Marketing falar a respeito dos mitos da profissão, a partir do ato de alugar filmes para assistir em casa, abordou o espinhoso e ingrato assunto de MOVER O MERCADO. A última movimentação de mercado, quando se fala em assistir filmes, foi o advento do extinto videocassete. Este sim, fez um tremendo estrago no mercado cinematográfico, do lado dos exibidores e distribuidores, tirou o cinéfilo das salas de cinema e o manteve no sacrossanto recinto do seu domicílio. Essa foi a grande transformação. O cinéfilo poderia, a partir daquele momento, assistir aos seus filmes sem se deslocar para uma sala de exibição. O cinema, na ponta da exibição, teve que mudar. Junto com ela, toda uma estrutura de distribuição. Dessa forma, a indústria cinematográfica precisou rever velhas fórmulas de exibição, para trazer de volta para suas salas, o público perdido. Não deu muito certo, as pessoas preferiam assistir ao filme em casa, sem ter que enfrentar filas quilométricas, nas ruas da cidade, em frente às casas cinematográficas. As produtoras, muito ligadas às exibidoras, através das distribuidoras, buscavam fórmulas como o Cinema 3D e o Cinema de Sensações. As indústrias de televisores e videocassete contra atacaram com o CD, o Home Theatre e , ainda agora, o Blue Ray. Mas a fórmula de contratação de filmes, nas video locadoras, continua da mesma forma, como se fazia há quase trinta anos, o locador pode ir a uma locadora perto de sua casa e pegar o título que desejar, levar para casa e assistir quantas vezes quizer, na hora que quizer, a um preço bem camarada.

Então vejamos, uma locadora "vende" facilidade. Uma grande rede de locadoras "vende" possibilidade de escolha e conforto. Mudar isso, como por exemplo, alugar um filme pela internet, sem ter que ir a uma locadora, não move mercado algum, só dá ao cliente mais comodidade. Ele passa a ter facilidade, comodidade, conforto e praticidade. Não precisa nem sair de casa para assistir ao filme que deseja, nem precisa pagar em dinheiro, além de resolver tudo remotamente.

O hábito de assistir a um filme em casa, a qualquer hora, foi o que mudou o mercado de cinema. Ir à locadora não é hábito, é necessidade. Uma vez facilitado, com uma possibilidade, elimina-se a necessidade.

A razão desse blá, blá, blá todo é para dizer que se querem, realmente, fazer mudanças de mercado no setor cinematográfico, é preciso, primeiramente, enxergar o essencial. Fazendo isso, chega-se à alma das coisas. O essencial para se ver um filme, no recesso do lar, é ter o acesso à essa possibilidade. Ir à locadora é mero detalhe. E os detalhes não são tão essenciais assim.

O que virá agora, para realmente movimentar e reposicionar o mercado de cinema, será alguma coisa para acabar com esse marasmo de produções à moda antiga, que remonta o século XIX. As produtoras andam muito sem criatividade tecnológica. Talvez passem a fazer coisas muito mais interessantes como filmes holográficos, hectoplasmáticos, real time ou coisa assim. O que demandará uma mudança total nas formas de produzir, comercializar e assistir a filmes.

Isto, sim, é mover o mercado.