sábado, 15 de outubro de 2016

AS ELEIÇÕES E OS MERCADOS


Uma coisa é preciso saber e incorporar. Políticos não são produtos, nem são marcas, são prestadores institucionais de serviços, servidores públicos, eleitos pelo voto popular para fazer valer e administrar os serviços básicos para toda a população. São gestores e fiscais da “coisa pública”, que muitos imaginam que não tem dono. Muito ao contrário, há um contrato social que reza serem todos os cidadãos, donos e senhores desta “coisa pública”. O mau uso da “coisa pública” faz com que os administradores não sejam dignos da confiança dos donos dessa coisa.

Assim, como prestadores de serviços, ou seja, administradores e fiscais dos serviços públicos, devem agir como administradores escolhidos, dentre toda a população, para gerir com competência e rigor contábil, com confiança, lisura e transparência, prestando contas em relatórios periódicos aos proprietários dessa grande sociedade anônima, que é o Ente Estatal, não importando seus nomes, partidos ou procedência. Mas devem ser pessoas, pelo menos, minimamente confiáveis.

Como num balcão de mercadinho, as campanhas eleitorais vendem candidatos que, tais como refrigerantes, eletrodomésticos ou detergentes, prometem tempos mais refrescantes, a melhor imagem ou limpar mais limpo. Isso não contribui para a boa informação, nem para a melhoria da qualidade dos serviços, nem para o aperfeiçoamento das relações entre prestador dos serviços e usuários, porque não limpa o que dever ser, sempre, muito limpo, só piora a qualidade da imagem e só aquece os ânimos entre as partes. E nem aprofunda a densidade do conteúdo que, em sua maioria, é raso, inconsequente e enganoso.

Os mercados estão antenados com todos os movimentos que ocorrem em seu interior e no seu entorno. E vai se ajustando com o desenrolar desses eventos, para o bem ou para o mal.

Enquanto candidatos se comportarem como produtos, que podem sem consumidos tais como lanches rápidos, que não alimentam, com atitudes completamente adversas dos desejos dos Mercados, pode-se dizer, aqui, eleitores, ficarão expostos a situações vexatórias, tornando-se ridículos e alvo de chacota, ou, até mesmo, ao imponderável.

Políticos geralmente se sentem donos da verdade, acreditam que sabem tudo sobre o eleitorado, que sabem convencer até aqueles que são, historicamente, contrários às suas ideias. Não ouvem conselhos sensatos nem contratam conselheiros sensatos. Preferem ouvir o que querem ouvir e nem querem ouvir o que precisam ouvir. Não raro, escorregam em declarações desastrosas, absurdas, discordantes, anacrônicas ou completamente descabidas, numa aberta agressão à nossa inteligência.

Política não deveria ser feita para grupos, nem para partidos, mas para todos. As ideias e ideologias podem, via de regra, serem completamente opostas, mas o objetivo deveria ser o bem comum, não o enriquecimento fácil, pelo uso do dinheiro que “não tem dono”, como muitos querem acreditar. Dividir políticos em categorias, como produtos industriais, acirra as diferenças e aumenta o nível de tensão entre os extratos sociais, o que acaba se refletindo nas relações econômicas. E, aquilo que deveria funcionar para manter o equilíbrio de forças nas relações sociais e de classe, descamba para o conflito de interesses pessoais, para a violência entre grupos de interesse e para o conflito silencioso da violência das ruas, entre “incluídos” e “excluídos” que, via de regra, estão no mesmo barco, com todos brigando entre si, na busca insana pelo controle e o comando de uma embarcação sem rumo e sem destino, em meio a uma tempestade inclemente. Frente a uma situação dessas, só há uma certeza, a do naufrágio. Um destino que foi decidido por todos.


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