Uma coisa é preciso saber e
incorporar. Políticos não são produtos, nem são marcas, são prestadores
institucionais de serviços, servidores públicos, eleitos pelo voto popular para
fazer valer e administrar os serviços básicos para toda a população. São gestores
e fiscais da “coisa pública”, que muitos imaginam que não tem dono. Muito ao
contrário, há um contrato social que reza serem todos os cidadãos, donos e
senhores desta “coisa pública”. O mau uso da “coisa pública” faz com que os
administradores não sejam dignos da confiança dos donos dessa coisa.
Assim, como prestadores de serviços,
ou seja, administradores e fiscais dos serviços públicos, devem agir como
administradores escolhidos, dentre toda a população, para gerir com competência
e rigor contábil, com confiança, lisura e transparência, prestando contas em
relatórios periódicos aos proprietários dessa grande sociedade anônima, que é o
Ente Estatal, não importando seus nomes, partidos ou procedência. Mas devem ser
pessoas, pelo menos, minimamente confiáveis.
Como num balcão de mercadinho, as
campanhas eleitorais vendem candidatos que, tais como refrigerantes,
eletrodomésticos ou detergentes, prometem tempos mais refrescantes, a melhor
imagem ou limpar mais limpo. Isso não contribui para a boa informação, nem para
a melhoria da qualidade dos serviços, nem para o aperfeiçoamento das relações
entre prestador dos serviços e usuários, porque não limpa o que dever ser,
sempre, muito limpo, só piora a qualidade da imagem e só aquece os ânimos entre
as partes. E nem aprofunda a densidade do conteúdo que, em sua maioria, é raso,
inconsequente e enganoso.
Os mercados estão antenados com todos
os movimentos que ocorrem em seu interior e no seu entorno. E vai se ajustando
com o desenrolar desses eventos, para o bem ou para o mal.
Enquanto candidatos se comportarem
como produtos, que podem sem consumidos tais como lanches rápidos, que não
alimentam, com atitudes completamente adversas dos desejos dos Mercados,
pode-se dizer, aqui, eleitores, ficarão expostos a situações vexatórias,
tornando-se ridículos e alvo de chacota, ou, até mesmo, ao imponderável.
Políticos geralmente se sentem donos
da verdade, acreditam que sabem tudo sobre o eleitorado, que sabem convencer
até aqueles que são, historicamente, contrários às suas ideias. Não ouvem
conselhos sensatos nem contratam conselheiros sensatos. Preferem ouvir o que
querem ouvir e nem querem ouvir o que precisam ouvir. Não raro, escorregam em
declarações desastrosas, absurdas, discordantes, anacrônicas ou completamente descabidas,
numa aberta agressão à nossa inteligência.
Política não deveria ser feita para
grupos, nem para partidos, mas para todos. As ideias e ideologias podem, via de
regra, serem completamente opostas, mas o objetivo deveria ser o bem comum, não
o enriquecimento fácil, pelo uso do dinheiro que “não tem dono”, como muitos
querem acreditar. Dividir políticos em categorias, como produtos industriais,
acirra as diferenças e aumenta o nível de tensão entre os extratos sociais, o
que acaba se refletindo nas relações econômicas. E, aquilo que deveria
funcionar para manter o equilíbrio de forças nas relações sociais e de classe,
descamba para o conflito de interesses pessoais, para a violência entre grupos
de interesse e para o conflito silencioso da violência das ruas, entre
“incluídos” e “excluídos” que, via de regra, estão no mesmo barco, com todos
brigando entre si, na busca insana pelo controle e o comando de uma embarcação
sem rumo e sem destino, em meio a uma tempestade inclemente. Frente a uma
situação dessas, só há uma certeza, a do naufrágio. Um destino que foi decidido
por todos.
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