O que nos preocupa, de fato, é a
condução dessas questões, do ponto de vista do Marketing. Aqui, podemos
substituir o termo Marketing por Gerenciamento, ou como alguns gostam de dizer,
Gestão da Crise, uma vez que, colocada ao público contribuinte as artimanhas
para enquadrar o mais famoso dos acusados, nenhum dos envolvidos se deu conta
de que qualquer coisa que fosse dita, se voltaria contra eles. Os fatos são os
fatos, o resto é história. Mas para se contar uma boa história e que ela seja
convincente, a primeira coisa da qual não se pode abrir mão é a CREDIBILIDADE.
E o que temos, hoje, é a total falta de credibilidade nas instituições. Seja
pela falta de transparência, seja pela profusão de notícias falsas, seja pela
total incompetência em gerenciar crises.
Não é de hoje que a repercussão dos
fatos da tal Operação Lava Jato provoca ira de um lado e comemorações do outro
lado, numa torcida apaixonada do contra e do a favor, seja por um lado ou por
outro. Aqui, como em todos os casos recentes, tais como o do Neymar Jr., do
vereador Carlos Bolsonaro, sobrou arrogância e faltou inteligência de
Marketing.
Como é isso, então, que um
profissional de Marketing se torna figurinha fundamental para orientar uma
pessoa pública, seja um jogador de futebol, um reitor de universidade, um
vereador, um procurador público ou, até mesmo, o presidente da república? Muito
simples de entender e difícil de aceitar, até, porque, as pessoas acreditam que
podem resolver esses problemas por conta própria. IMAGEM PÚBLICA. Coisa difícil
de construir e muito fácil de ser destruída. Se bem que, a maneira como foi
construída a Imagem Pública do, agora, Ministro Sérgio Moro, assim como a do
Procurador Deltan Dallagnol, se aproveitou da imagem de um ex-metalúrgico que
alcançou o cargo de Presidente da República a duras penas, após ter perdido
três eleições.
De maneira frágil, do ponto de vista
do Marketing, a imagem construída dessas duas personagens, cedo ou tarde iria
se desfazer. Imagem é tudo. Mas precisa ser construída sobre fatos relevantes e
que suportem os mais duros revezes. Hoje só temos uma pessoa que está sabendo
usar, com inteligência, a sua imagem pública, mesmo preso há mais de ano, Lula
incomoda quando o deixam falar. Lula sabe usar, muito bem, a sua imagem, além
de tudo, aprendeu a ouvir seus conselheiros mais equilibrados e não se deixa
seduzir pelo “eu mesmo faço” das redes sociais que, se utilizada de forma
irresponsável e nada profissional, provoca os maiores desastres institucionais.
A realidade não nos deixa mentir, nem aponta que estamos equivocados na nossa
avaliação.
Quem olha “de fora” tem uma visão
mais ampla do jogo que está sendo jogado. Na política, todos os jogadores estão
viciados em velhos hábitos, usos e costumes. Acreditam que podem resolver tudo
e explicar tudo, sem a devida orientação de como agir, falar e se dirigia ao
público. E isso não é uma tarefa fácil. É um erro gravíssimo imaginar que os
públicos são sempre crédulos, sempre contra ou sempre alienados. As pessoas se
interessam por aquilo que as afeta diretamente. E as pessoas estão percebendo
que a política acontece todos os dias, todas as horas, a cada instante, por
isso estão acompanhando. Sabem que a política está afetando o seu bolso, que é
um órgão hipersensível.
O que estamos vivendo nestes últimos
meses é um festival de bizarrices que, via de regra, favorece o preso mais
famoso do Brasil, que foi promovido de preso comum, por corrupção, à categoria
de preso político. E isso é um fato. Reforçado, sem que uma palavra fosse dita
nesse sentido, pelos seus próprios adversários que, de maneira amadora e
pueril, conversaram em um aplicativo de comunicação, sem se darem conta de que
a internet é o “lugar” mais inseguro do universo. Invasores existem por todos
os lados. E, cá entre nós, tem coisas que devem ser conversadas longe de tudo e
de todos. As novas tecnologias permitem que todo e qualquer espaço público ou
privado, real ou virtual, seja monitorado permanentemente. Essas conversas no
aplicativo foi, no mínimo, burrice.
O que temos agora? Todo um trabalho,
de extrema importância para a moralização de todo um país, que limparia toda
uma história nacional, que foi construído arduamente, ao longo de décadas, pode
ser jogado fora, anulando julgamentos e inutilizando provas importantíssimas,
por causa incapacidade de conviver com as nuances do poder e não se deixar
seduzir por ele, ainda mais quando a fama explode como uma chuva de fogos de
artifício, num espetáculo ilusório como os filmes de aventura e de super
heroísmos.
Pessoas públicas deveriam aprender a
lidar e a administrar a sua imagem. Quem pode orientar e “educar” esses
indivíduos são os profissionais de Marketing, que vivem fazendo isso com
produtos, serviços, empresas e, até mesmo, pessoas.
Imagem é tudo. A má administração ou
a total ausência dela coloca tudo a perder, numa eventual crise, por menor que
seja.
Afinal, os fatos são os fatos, o
resto é história.
E, até, os fatos podem ser
construídos. E entrar para a História.
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